quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O passado finalmente fica para trás

Por anos a dor me invadiu, por anos acreditei no que me disseram todos os autores, todos os músicos, quando na verdade tudo que eu precisava entender é que para ser feliz eu não precisava de ninguém mais além de mim. Nunca vou entender como permaneci por tanto tempo na escuridão da dependência. Nunca mais irei deixar de ficar com pessoas que gostam de mim para submeter-me a um ser que só pensa em si. Hoje a paz invadiu o meu coração, hoje vejo que todo esse sentimento que aos pouco me veio carcomendo a alma nunca passou de uma idealização das minhas carências. Em verdade vos digo que acredito serem as palavras de Renato Russo as mais verdadeiras a respeito do amor quando disse que não acreditava em amor, mas sim em respeito e amizade.

De nada adiantou noites de insônia, lágrimas, dores profundas no peito, e toda essa sorte de dores sentimentais,no final das contas as soluções para todos os nossos problemas estão dentro de nós. Já o que vejo é surgir uma nova aurora em minha vida, já vejo tudo que posso mudar e assim será.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Arrependimento

Pois que se arrependimento matasse provavelmente estivesse já decomposto. Tudo quanto perdi durante esses seis anos, quanta vida desperdicei quantas mulheres maravilhosas passaram por mim, quantas baladas, viagens, poderia ter começado minha faculdade antes, enfim que a vida se renove agora ou hei de me desfazer da velha.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Perda e finitude

É deitar à noite numa cama de pregos
É não entender o que aconteceu
É a morte de todos os egos
É sentir dolorosamente o quê morreu
É esperar por alguém que não virá
É não ter alento de forma alguma
É andar sem destino pra lá e pra cá

É não saber no que acreditar
É não ter ânimo pra nada
É querer se matar
É vida cinza e enfadada
É lágrima, e lágrima e mais lágrima
É solidão que ninguém quer saber
É olhar a vida sem esperança de cima
É não querer viver

É morrer com vida
É dia que não alegra
É a mais pura dor da ida
É andar carregando quios de pedra
É mais uma vez fracassar
É se arrepender
É dor que faz urrar
É a mais dura maneir de não ter

É a perda e a finitude
É fazer da cama de pregos ataude
É da noite o negrume

Italo Jorge

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

INcrível

Hoje percebo os verdadeiros significados ocultos nos ditos daquele pobre homem que morreu sozinho e bêbado na beira de um penhasco tão pequeno quanto sua importância para família. Quando ouvi pela primeira vez "a dor é um sentimento com qual você tem de aprender a conviver com ele" na primeira vez não entendi, na segunda achei que era irrelevante, na terceira achei que era óbvio e somente agora, na quarta é que percebo o real valor dessa advertência.
Hoje vejo que o tempo e a ignorância nunca dão trégua. Todos cresceram, seus sonhos tão simples e corriqueiros se foram por lutarem tão debilmente contra o que lhes fora imposto. Nos rostos não há mais nem sombra daquela antiga vontade de viver, nenhuma. O sentimento de segurança de rebanho se vai, o dinheiro se torna mais necessário que tudo, o ego infla, as carnes murcham, e o presente se torna "desolação", pois "o resto é só uma prova de sua paciência..." como já diria Bukowski. Não se pode lutar contra o que não se conhece.
Se essa transcendência tão popular existe mesmo em nada mais consiste do que sadismo.
Finitude com a qual não me conformo.


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Estranho estar assim. Deitar-se com o rosto pra cima imaginando como toda essa merda enche a cabeça de besteiras. Eu continuo esperando alguma resposta. Nunca acreditei que o ser humano não pudesse ser de fato completo mas eu cheguei tão perto de obter a sua satisfação cinza e cotidiana. Por um momento os dedos tocaram aquele falso arco-íris, por momento pensei ter habitado o panteão.
Mas na verdade o cinza nunca saiu das minhas veias. Nunca deixei de ter esse maldita estigma. E agora pago caro por tê-la negado por tanto tempo.
Não é justo. Toda essa privação, toda essa incompletude, esses lugares de pregos, esses travesseiros de ferrões. Não é justo.
Como tudo isso foi acontecer? Meus anseios não eram maiores que os de todos os seres humanos.
Mas maior crueldade em tudo isso é saber que nenhuma culpa pode ser imputada que de ninguém mais dependeu as escolhas, que entender pode ser a maior de todas as maldições.
Aceitar não é possível.
Respirar é dificil.
Tentar esquecer não consegue
Não se importar é algo que não existe.
"O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite"

Fica cada vez mais difícil respirar...

Das ilusões

Pois que pedir socorro não convém nem resolve, nem morte, nem absolutamente nada. É dormir numa cama de pregos sob o sol mais escaldante. Assim se fez neurose naquele dia. Ego mal trapilho, semblante roto e vontade inexorável de fixar aquela montanha peregrina. Tudo se resume a "glebas manchadas de sangue", como já disse a poetisa “petúnias e sarças”.

Tudo parece fazer tanto sentido, mas um sentido tão cruel, uma coisa tão desesperadora...

Venha minha criança, não cresça, diga pra mim que não construiu no seu intimo esse edifício absurdo do ego ressentido humano, não faça pó do ouro que te tenho guardado há anos.

Fugir de toda essa neurose, toda essa batalha que luto sozinho parece impossível.

Essa ligeira felicidade cinza da tepidez de todas as manhãs, tão iguais umas as outras, são cruéis. A noite é simplesmente impiedosa. O que se faz quando nada consola?

Essa dor lancinante, essa inquietude, essa eterna inconformidade.

Todo esse silêncio me corta ao meio, ninguém parece ser capaz de oferecer uma luz.

http://youtu.be/NQ4hQD1V1Zc

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Sentido

Como é possivel que do fundo do posso tantas coisas possam fazer sentido. Parece que tristeza, depressão e todas essas coisas, somente agora fazem sentido. Laney Stanley, Charles Bukowski, Allen Ginsberg, Kurt Cobain, Renato, Cazuza, Djavan, Chico, tantas vozes diferentes numa frequência uníssona.
Cá estou agora numa lan house segurando essas malditas flores. Esperando que por algum motivo, de alguma forma, isso acabe logo, ou que a vida escape pela primeira fresta que encontrar, ou que todo lampejo de pensamento, que toda a memória se apague assim como se ascendeu.
O mundo todo é um quarto sem porta ou janela, nenhuma luz ou voz que me resgante de mim mesmo e pra onde quer que eu vá dou com a cara na parede.
Sim! Nenhum homem tem inimigo maior do que si mesmo. Caminhar desvalido pelas úmidas ruas onde não há rostos, onde as peles são aço, onde os crânios estão vazios e sentir no lúgubre brilhar molhado do asfalto que não há uma resposta certa. Ver a profundidade, o extremo alcance da crueldade do ser humano...
Eu entrei nesse cruel jogo do qual sempre quis sair, mas já não posso, já todos meus pensamentos estão voltados para aquele maldito lugar algo que não posso odiar, nem mesmo por um segundo. Não posso aceitar.
Talvez o máximo sadismo divino esteja na finitude e na esperança. No final das contas não se sabe quando um ser humano de fato se torna um animal, quando deixa de enxergar a si ou quando de enxergar os outros. Sentiram eles isso em cada vocalize, em cada grito rasgado, em cada acorde de cabeça baixa, em cada trago de cigarro sobre a máquina? No ultimo suspiro que antecede o derradeiro verso? A linha é realmente tênue. Kurt talvez não tenha se matado, mas sim entendido, Bukowski se conformado, quem saberá.
O sentir que se pode perder a completa sanidade a qualquer momento é uma sensação estranha, percorre-lhe o corpo todo em segundo, a visão das coisas em si se alteram, não há a beleza das drogas e não a beleza poética alguma, se fechar os olhos um lampejo lancinante de de agonia estremece todo o seu corpo e as pálpebras são jogadas mais uma vez olhos acima.
Nada nada nada nada nada nada .....

Momento em que se é necessário fazer algo

Um Poema de Charles Bukowski para meu momento que pode ser o mais dificil.

Se vai tentar
siga em frente.

Senão, nem começe!
Isso pode significar perder namoradas
esposas, família, trabalho...e talvez a cabeça.

Pode significar ficar sem comer por dias,
Pode significar congelar em um parque,
Pode significar cadeia,
Pode significar caçoadas, desolação...

A desolação é o presente
O resto é uma prova de sua paciência,
do quanto realmente quis fazer
E farei, apesar do menosprezo
E será melhor que qualquer coisa que possa imaginar.

Se vai tentar,
Vá em frente.
Não há outro sentimento como este
Ficará sozinho com os Deuses
E as noites serão quentes
Levará a vida com um sorriso perfeito
É a única coisa que vale a pena.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Uma pequena história

Remexendo alguns papeis avulsos da abandonada escrivaninha de meu pai encontro um artigo que parecia nunca ter sido publicado. Não tinha título nem parágrafo.Parecia ter sido escrito as pressas.Eis o que estava escrito:

Quero vos contar uma pequena história.
Uma vez um homem casado contraiu um forte laço de amizade com uma mulher solteira. Esse laço de amizade evolui e ambos se apaixonam um pelo outro. Esse amor se torna algo absurdo, ambos descobrem um sentimento nunca dantes vivido por nenhum dos dois. O homem casado sente a liberdade de contar coisas sobre si que nunca tivera coragem de contar para ninguém, assim como sua amante. Ele reclama da esposa e diz que a vida de casado é uma droga, que já não suporta viver com a esposa e que sua vida anda de mal a pior, sua esposa só sabe tratá-lo com desprezo e ignorância, mas em nada disso ele mostra que de fato irá se divorciar. O caso dura dois anos e meio e a amante nota que nada daquilo vai mudar, digam-me o que ela deveria fazer? E se esse caso durasse mais dois anos e meio e nada de mudança, o que ela deveria fazer? Digamos que toda vez que ela tentava acabar com aquele relacionamento, que estava se tornando tóxico, o homem casado sempre vinha rastejando atrás dela, se mostrava o homem dos sonhos de qualquer mulher e por fim ela acabava voltando atrás, pois sentia que de fato não podia viver sem ele. Digamos ainda que essa insistência só era possível quando ela estava por perto, que se ela se mantivesse afastada nenhuma ligação receberia. Como ela deveria proceder?
Nesse meio tempo o homem casado constrói outros laços de amizade que se tornam cada vez mais estreitos, ele começa a sair vez por outra com seus amigos, enquanto ela espera uma ligação para encontrá-lo sempre olhando por horas o telefone que nunca tocava. E se ele chegasse mesmo ao absurdo de ficar a sós ao lado dela sem dizer uma palavra, apenas mandando mensagens para os amigos? O que esta moça deveria fazer.
Mas então algo de fato acontece, o homem casado tem uma briga absurda com a esposa e sai pela porta da frente. A amante, mesmo percebendo como ele esfriara com ela tem uma súbita esperança de que finalmente serão felizes. Então ela pergunta a ele se ele ainda a ama, mas para a surpresa (ou não) de muitos ele simplesmente diz "não sei, está acontecendo muita coisa na minha vida agora, deixa eu arrumar a minha vida primeiro" como ela deveria reagir a isso? E se ela vagasse desvalida pelas ruas noturnas tentando entender o que aconteceu e não achasse resposta? Será mesmo possível que exista uma mulher que tenha tão baixa auto-estima?
E se num surto de desespero ela estourasse os miolos com a arma do tio guardada em casa? O que vocês meus caros leitores iriam achar de uma pessoa como essa? Como ela deveria ter agido desde o começo? Talvez eu nunca saiba, mas o que não deixem de tirar suas próprias conclusões.