sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Uma outra visão sobre Bukowski.





O outro lado de Bukowski.



Amado por todos os nossos jovenzinhos metidos a marginais , niilistas, beat nicks e etc. Com estilo único que se assemelha num primeiro momento ao movimento beat, com narrativas escatológicas, pintava um quadro bastante interessante, de uma ralidade que muito de seus leitores jamais irão saber o que é, Charles Bukowski é chamado por muitos como “ o ultimo escritor maldito” ,”velho safado” ou “o ultimo dos beats”.


Mas o que realmente se pode dizer de Bukowski? Uma vez ouvi alguém dizer que ele “fazia uma descrição de como a sociedade realmente é”, mas de qual sociedade estamos falando e de que perspectiva estamos olhando para ela? Ainda mais hoje em dia em que a grande maioria dos leitores de Bukowski são jovens que anseiam por qualquer quebra paradigma, pois na alienação absurda de idéias consumistas na qual vive o “foda-se o moralismo” é um dizer doce, mesmo que não se faça a menor idéia do que se está falando.


Bukowski foi um escritor muito bom, no entanto seus leitores parecem que vêem significados em suas obras onde simplesmente não há. Já ouvi falarem que o texto dele tinha caráter anárquico, lírico e até mesmo naturalista já cheguei a ouvir. Parece que tentam encontrar justificação para que terem o direito de chamar Bukowski de “um puta escritor”, e essa justificativa por si só constitui um movimento contraposição admiração da obra de Bukowski.


Se a maravilha da obra de Bukowski é não ser mais um livro elitista europeu, por que raios se fala dele como se escrevesse como Machado de Assis? Ele tinha uma estilo livre e despreocupado, uma leitura leve e histórias escatológicas e cotidianas e ponto! Fruto de uma mente que teve sua noção afetada devido ao tão conhecido isolamento social que sofreu devido às inflamações que tinha na pele. Assim a “descrição da realidade como ela é” vem de um principio explicitado por Balzac “...quanto mais esquecido pela sociedade o individuo é, mais magnânimo ele a julga”


Mas é mais bonito falar de retrato social americano dos anos 40 aos 80, pintado por Bukowski, (bêbado, boêmio hedonista e criador de narrativas de caráter egocêntrico), num bar qualquer com uma cerveja na mão e uma camiseta preta de qualquer, de uma banda que a mídia da alienação ignora, do que falar de a mesma coisa do Mv Bill com o livro “Cabeça de Porco”, do que falar de um retrato da ATUAL sociedade brasileira, baseada não numa visão subjetiva sobre a sociedade, mas em dados e depoimentos do que sofrem diretamente com tal “retrato da sociedade como ela realmente é”. Pelo mesmo motivo que não se tem o Mv Bill no playlist dos meus amiguinhos alternativos dos barezinhos intelectuais do centro.


Mais cômico ainda é a maneira como se argumenta academicamente a militância anti-acadêmica que se subentende na obra de Bukowski, quando na verdade, ele morreu escutando música clássica, tomando whiski e se doendo a cada livro publicado por nunca ter ganhado o premio Nobel.



“Em meu coração existe um pássaro que quer sair


Mas eu sou mais forte que ele


Eu falo ‘ Fique aí, você quer me por em apuros? Você quer estragar meus trabalhos? você quer estragar as vendas dos meus livros na Europa?’”



Gosto muito de Bukowski, mas não falo dele como se tivesse lido uma da melhores obras anarquistas, ou um puta romance filosófico para falar que eu leio um puta esritor.


Opinião quero, não hipocrisia de justificação burguesa.