segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Para você

Sabe, no começo não gostava muito de você, pensava que nos odiaríamos para sempre, mas você é linda e tem perfume maravilhoso. Queria te dizer algumas coisas e acho que esse é o melhor meio. Foi ótimo conhecer você, vivi coisas muito boas, coisas que nem as melhores experiências atuais pagariam.
Havia um tempo em que eu acreditava ser impossível viver longe de você, por mais que eu devesse ficar longe de tudo isso. Mas estou te escrevendo isso porque hoje foi o primeiro dia em quase seis anos em que eu acordo e meu primeiro pensamento não é você. E pelo que parece você também está bem sem mim. Talvez eu nunca mais vá viver algo parecido, mas o grande trunfo é saber que já não existe mais aquela puta dependência.
Talvez nosso grande erro tenha sido se importar, pessoas que se importam não vivem felizes para sempre, por mais que tentem. Mas afinal o que estou dizendo, ninguém pode ser feliz para sempre, ao não ser os telespectadores da Globo.
Depois de tudo isso é estranho olhar para trás e ver como a alma do ser humano pode ser volúvel, ou talvez isso nem seja volubilidade. O importante é saber que nós, seres humanos dessa era, vivemos de uma maneira muito desesperada, corremos o tempo como se tivéssemos a real idéia de que podemos morrer a qualquer momento, quando na verdade sabemos que vamos viver para sempre. E com isso vem aquela necessidade de acreditar em algo que nunca vai mudar, algo que vai nos acompanhar, porque vamos viver tanto e tantas coisas mudam e no final o que sobra?
Por um momento, um curto espaço de tempo de quase cinco anos, pensei que houvesse algo que fosse assim, que me acompanharia durante toda essa minha jornada eterna, mas como sempre recaio naquele velho niilismo, tão juvenil e tão preconceituoso, mas que parece tão real, e que aos poucos ganha novas cores e novos sentidos.
No final das contas tudo não passa de admitir sua parcela de hipocrisia e conformismo. Tentar ao menos fazer uma idéia do que é o mundo que nunca vamos conhecer na sua totalidade, nunca se fechar nos nossos mundinhos de verdades preconcebidas e cagadas pelo tempo como os cristãos ou ácidas e neuróticas como as dessa minha geração Cult.
Mas você deve estar se perguntando “mas que porra afinal de contas você está falando?”. Você sempre me disse que às vezes eu falo como filósofo, eu também me perco às vezes no meio de tantas asneiras que digo. Enfim, essa carta é sobre ver as coisas de modo diferente, é sobre não acreditar numa cultura de pessoas desesperadas por uma felicidade eterna, pois ninguém está aqui pra ser feliz eternamente. Mas talvez consigamos viver mais em paz se olharmos para isso, ao invés de escamotear isso numa utopia monótona de comercial de margarina.
Tenha uma boa vida e que essa cicatriz se feche logo.